Policiais federais da Bahia
e do Maranhão iniciaram na quinta-feira (5) a paralisação de suas atividades
por 48 horas. A emissão de passaportes e as demais funções dos policiais, como
investigações e registro de porte de arma, estão sendo feitas com o efetivo
mínimo, que é 30% dos servidores.
Em Salvador, o movimento
começou com um café da manhã. Em seguida, os policiais passaram a arrecadar
alimentos para doar a um hospital local que trata crianças com câncer. Eles
também fizeram um protesto na Avenida Bonocô, com os manifestantes conduzindo faixas
e usando pedaços de panos pretos cobrindo a boca.
Nesta sexta-feira, os
policiais da capital baiana farão doação coletiva de sangue e, no sábado,
pretendem participar das manifestações previstas para o Sete de Setembro Os
policiais federais do Acre, Ceará e Amapá também vão realizar um ato durante o
desfile cívico de sábado.
Nesta sexta (6), véspera do
feriado de 7 de Setembro, os policiais param no Ceará, no Amapá, no Piauí, em
Sergipe, em Pernambuco e em Mato Grosso do Sul. A paralisação faz parte de um
movimento que reivindica a reestruturação da carreira e reajuste salarial.
Insatisfação - Para a presidente do Sindicato dos
Policiais Federais da Bahia (Sindipol-BA), Rejane Peres Teixeira, a paralisação
serve para mostrar a insatisfação com o que está acontecendo no órgão.
“Temos alertado para o
sucateamento na estrutura material e humana da Polícia Federal. Aqui, na
Superintendência da Bahia, o elevador está quebrado há mais de dois meses. Não
temos como fazer investigações no interior do Estado, por falta de verba para
deslocamento com viagens. E são apenas 210 agentes para trabalhar nos mais de
400 municípios da Bahia”, disse Rejane.
Segundo Rejane, os policiais
também têm sofrido com situações de assédio moral e de doenças ocupacionais e
psiquiátricas causadas pelas más condições de trabalho. “Em 2010, chegamos a
ter 30% do efetivo afastado por motivos psiquiátricos, com problemas como
síndrome de pânico e depressão. Nós últimos três anos, somente na Bahia, houve
dois suicídios [na corporação]“,
relatou.
Em julho, a Federação
Nacional dos Policiais Federais (Fenapef) divulgou uma pesquisa segundo a qual
69% dos policiais federais relataram que tiveram a saúde prejudicada pelo
ambiente de trabalho e 30% disseram que precisaram se submeter a tratamento
psicológico ou psiquiátrico por causa de sua atividade profissional.
Proposta rejeitada – O presidente
da Fenapef, Jones Borges Leal, lembrou que as paralisações começaram em agosto.
“Nossa luta não é só pela questão salarial, mas principalmente por melhores
condições de trabalho, aumento do efetivo e reestruturação da nossa carreira”,
disse Leal à Agência Brasil.
A Fenapef representa também agentes, escrivães e papiloscopistas.
O governo propôs reajuste de
15,8% dividido em três anos, mas a categoria rejeitou a proposta. Para Leal, o
governo não trata os policiais federais com a devida atenção. “Nós buscamos
estar ao lado das outras categorias, como era antes. Hoje, não temos atribuição
prevista em lei. Um policial que entra hoje, não tem escrito o que ele deve
fazer, qual a sua função. Como você pode construir uma segurança pública de
qualidade, se não enfrenta essas questões? E, com a atitude do governo, acho
difícil resolver isso em curto prazo.”
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