Homens de
preto fortemente armados discutindo em frente ao Palácio do Planalto. A cena
ocorreu na manhã da última sexta-feira (20/9) e assustou pedestres e motoristas
que passavam pelo local. A confusão teve como personagens agentes de duas
unidades de elite da Polícia Civil do DF e da Polícia Federal. As corregedorias das corporações abriram
sindicância para investigar o episódio.
Segundo
consta em uma ocorrência registrada na 5ª Delegacia de Polícia (Área Central),
seis equipes daDivisão de Operações Especiais (DOE), da Polícia Civil,
transportavam, com o auxílio de um ônibus, cerca de 80 presos para o Complexo
Penitenciário da Papuda. Na entrada da Ponte JK, na L4 Sul, batedores fecharam
o trânsito para que o comboio passasse, mas um agente federal teria furado o
bloqueio e, por pouco, não atingiu um motociclista, segundo relato de policiais
civis.
Uma
equipe da DOE perseguiu a viatura da PF e exigiu que o motorista parasse e se
identificasse. Ele não atendeu a ordem imediatamente, só após diversas tentativas.
Depois de uma breve discussão, o agente da PF acabou liberado, mas decidiu
acompanhar o comboio da Polícia Civil. Na Papuda, esperou próximo à cancela o
retorno da equipe da DOE e continuou atrás dos veículos da unidade de elite.
Nas
proximidades do Palácio do Planalto, os policiais da DOE foram surpreendidos
por agentes do Comando de Operações Táticas (COT), da PF, que saltaram dos
veículos armados com fuzis e exigindo explicações dos colegas da DOE. Após um
breve diálogo, os policiais do COT desistiram da abordagem e foram embora. Por
orientação, os policiais civis abriram um boletim de ocorrência. A
denúncia foi registrada como crime de abuso de autoridade.
Abordagem
abusiva
O
diretor-geral da Polícia Civil, Jorge Xavier, tratou o assunto com cautela, mas
garantiu que o atrito não fere a relação entre as duas instituições. “Ainda é
cedo para fazer qualquer tipo de avaliação, mas o que chegou até mim é que
houve uma abordagem (por parte da PF) abusiva e desnecessária, porém, isso
partiu de um pequeno grupo de servidores e, não necessariamente, da Polícia
Federal”, avaliou.
Procurada,
a direção da Polícia Federal se limitou a informar, por meio de nota, que
abrirá uma sindicância para apurar os fatos. Delegado da Polícia Federal, o
secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avelar, se viu numa
posição delicada. Para não se comprometer com nenhuma das duas categorias,
preferiu esperar o desenrolar das investigações conduzidas paralelamente pelas
forças. “Cabe às corregedorias avaliarem e tomarem as providências cabíveis”,
resumiu Avelar.
A
briga causou surpresa no meio policial. Fontes ouvidas pelo Correio contaram
que a DOE e a COT têm uma boa relação. Inclusive, policiais das unidades,
frequentemente, fazem treinamentos conjuntos. Entre policiais federais, há uma
avaliação de que a Operação Miquéias, deflagrada um dia antes, causou
constrangimentos. Dois delegados da Polícia Civil foram presos, além do agente
aposentado Marcelo Toledo, que tem forte relação com setores policiais no DF.
Um dos irmãos de Toledo é policial civil e integra a DOE. Ele, no entanto, não
participou do comboio.
Do Correio Braziliense
Do Correio Braziliense
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